As artes em 1963 no Greenwich Village
As artes em 1963 no Greenwich Village
Freqüentemente
pergunta-se o que é arte, desde que o impressionismo surgiu e detonou
uma centena de transformações, remodelações e reformulações artísticas
tais como as da arte moderna e pós-moderna. Nessas constantes
reconstruções que arte sofreu e sofre, até hoje, uma coisa é, mais ou
menos, clara: a cada nova reinvenção, os artistas que encabeçam a linha
de frente, a avant-garde dos movimentos ou é, em grande medida,
incompreendida ou é, apenas, parcialmente aceita.
Não foi
diferente com os artistas nos anos 1960 no Greenwich Village, em Nova
York, EUA. Esses artistas forjaram o berço da pós-modernidade
artística, como a entendemos hoje. Os movimentos artísticos do início
do século 20 desdobraram-se em muitas vertentes, sendo uma delas a arte
underground e beatnik dos anos 1950. Porém, o que se via em 1963 era
diferente. Se os beats contestavam o consumismo e o otimismo do
pós-guerra americano, a falta de pensamento crítico e o anticomunismo; a
geração de 1960 em diante, viveu uma época onde a confiança “em que
tudo é possível” foi constante.
Sobretudo
no Greenwich Village dessa época, respirava-se esse ar de uma nova
cultura. Cultura popular como arte folk urbana. A vanguarda daqueles
tempos não fazia distinção aguda entre essas duas coisas. E os muitos
editores, livrarias, teatros, clubes de jazz e cafés onde desembocavam
artistas que viviam em Greenwich Village nos anos 1960 fizeram daquele
local um centro de entretenimento para uma platéia de Nova York e fora
dela. Sendo também, uma mina de ouro para os especuladores
imobiliários.
Mas mais
do que isso, a trajetória desses artistas alavancou o cenário artístico
americano, produzindo novas manifestações artísticas. Na arte pop, por
exemplo, foram utilizados conhecimentos da artes gráficas por artistas
como Rosenquist, Lichtenstein e Warhol, oriundos dos setores de moda e
propaganda. As pinturas da arte pop estavam sendo vendidas por milhares
de dólares nas galerias e museus de Manhattan, no uptown.
Os
próprios gêneros de arte estavam mudando, com a propria art pop, os
happenigs, os fluxus, o teatro de café e o cinema underground. A
distinção entre arte folk, arte popular, kitsch ou alta arte estava
dissolvendo-se. E artistas como Robert Watts, em seu Evento casual,
faziam história com ou sem platéia:
Dirija seu carro para o posto de gasolina
Encha o pneu dianteiro direito
Continue a encher até o pneu estourar
Troque o pneu*
Dirija para casa
*Se o carro for de um modelo mais novo, dirija para casa sobre o pneu estourado.
A
vanguarda da década de 1960 não foi inteiramente empenhada na rejeição
do passado ou do status quo. A visão desses artistas era relativista,
igualitária e de colagem. Esses artistas assumiram a tentativa de
refazer a cultura americana e produziram um grande acervo de obras com
uma diversidade inigualável na utilização de idéias experimentais que
muito influenciaram as décadas posteriores e ainda influenciam o nosso
tempo.
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